CARTA, ENTÃO?


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maria helena sleutjes

CARTA 1

Se preferes assim, carta, então! Sartre dizia que, ou se escreve para Deus, ou para os vizinhos. Como ele não acreditava em Deus, acho que sempre escrevia para os vizinhos. Eu escrevo para ti, como tu não és meu vizinho, olha a tua responsabilidade!

Escrevo porque as palavras precisam ter destino, e o destino das minhas palavras é encontrar-te antes das últimas chuvas.

Sei que, muitas vezes, escrevo palavras soltas. Deviam ser mas alinhadas como as palavras de Neruda em seus “Cem sonetos de amor”, ou nos “20 poemas de Amor e uma canção desesperada”, mas acabo ficando mesmo com a minha canção enternecida.

Escrevo… Escrevo como se isso fosse imperativo e como se o existir fosse o sonho de uma mente indescritível que vive lampejos de vida cada vez que se deseja alguma coisa. Desejo. Desejo escrever-te algo que perdure…


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