CREPÚSCULO
Dorme o sol
no longínquo espaço.
Esconde-se a alma
à sombra da vida.
Não mais chegarás à janela
e não mais dirás:
Contemplai o espetáculo!
No crepúsculo sem manhã
que é a vida
teu olhar está vazio
inútil tentar reter
os tons do dia.
Olharás à tua volta
e não encontrarás
teus semelhantes.
Procurarás teus sentimentos
e entre eles,
não encontrarás amor.
É morte!
Morre a grande luz do dia
e em ti, vive a noite
em sua eterna
melancolia.
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RASTROS DE SAUDADE
Rastros de saudade…
Tudo é um tumulto delirante
de hibernação noturna.
Sorrisos, carinhos, juras,
infantil alegria
do sol pelos caminhos…
Rastros de saudade…
Mãos enoremes
rostos amigos
efusão de afetos coloridos
indefinida música
Vênus baila no ar…
Rastros de saudade…
Brancas e apagadas lembranças
dão-se as mãos
e começam a brincar:
” Se esta rua, esta rua
fosse minha…
E a rua? Esqueci
Imenso e amargo sonhar
Viver sem rumo nem parada
sem descanso nem amada
Só… pela vida afora.
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FUGA
Não fixo impressões.
Sonho…
A vida não se modifica
e eu… eu sonho.
Quanto luar abandonado
CHoro…
Acalanto de brisas que passam
É noite…
Noite que se faz
sobre a minha alma.
Esqueço…
Tudo é inexplicável.
Adormeço…
É cansaço.
Cansaço que gera sono
sono que gera sonhos.
Tudo é sequência
distante de esperança.
O meu céu está nublado.
Chove…
Gotas de saudade
inundam meus sentimentos
molham todo o meu ser.
Nada espero,
porém,
meus olhos almejam
novas paisagens.
Minha alma,
nova emoção.
Fuga, silêncio, amplidão.
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PERDA
Era fim de verão
e uma rosa morria.
Uma rosa morria?
Muitas rosas morriam.
Caia uma petala
em meio a tantas pedras
rolava uma folha
que o vento conduzia
Hoje,
tudo parece um sonho
cada vez mais distante
cada vez mais vazio
um sonho perdido.
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ANTIPODA
O olho mágico do poeta
não se cansa nunca
deste mundo que ele divisa
repleto de amor e poesia,
que transforma a cabeça em fonte
onde jorra contínua a fantasia.
Lá fora,
homens envaidecidos,
de cimento e armamentos abarrotados
até penduram arte
em paredes frias,
mas continuam sem saber
que a vida inexiste sem poesia.
E a poesia está aí, a nossa volta,
a cada instante,
marcante e constante
repicar da ousadia
de alucinados e loucos
que têm coragem de falar de amor
num mundo
onde tudo é tecnologia.